Manejo da brachiaria em consórcio com o milho
Palavras-chave:
Integração Lavoura-Pecuária., Consórcio de culturas, Herbicidas seletivosResumo
Introdução: O consórcio de milho com braquiária tem ganhado espaço como estratégia de intensificação sustentável da produção agrícola. Essa prática combina a produção de grãos com a formação de palhada e pastagem, sendo essencial em sistemas como o de Integração Lavoura-Pecuária (ILP). A braquiária (Urochloa brizantha), por sua rusticidade, tolerância à seca e alta produção de biomassa, contribui para o controle de erosão, ciclagem de nutrientes e cobertura do solo (SILVA et al., 2020; EMBRAPA, 2024), enquanto o milho continua sendo uma das principais culturas de interesse econômico no Brasil (PEREIRA et al., 2015). Contudo, o manejo dessa gramínea dentro do consórcio requer cuidados, especialmente quanto ao uso de subdoses de herbicidas para controlar seu crescimento sem inviabilizar sua rebrota para formação de pasto após a colheita (SANTOS et al., 2017; COSTA et al., 2022). Objetivo: Este estudo teve como foco analisar os efeitos de diferentes subdoses dos herbicidas mesotrione (Callisto®) e tembotrione (Soberan®) sobre a braquiária e o milho cultivados em consórcio, considerando o desenvolvimento de ambas as espécies e os impactos do manejo sobre a cultura principal e a forragem (FERNANDES et al., 2021; ALMEIDA et al., 2020). Metodologia: O experimento foi realizado em 2024 no IFSP – Campus Barretos, em área com solo franco-arenoso já ocupado pela braquiária Xaraés (Urochloa brizantha cv. Xaraés), uma cultivar amplamente adaptada a condições tropicais e de baixa fertilidade (EMBRAPA, 2024). O milho foi semeado diretamente sobre a palhada, com posterior roçagem. A adubação de plantio foi feita com 350 kg/ha da fórmula 04-14-08 e a adubação de cobertura com 350 kg/ha de 30-00-20.. Foram definidos quatro tratamentos: T1: 100% da dose recomendada de Callisto® (0,3 L/ha) + Soberan® (0,2 L/ha); T2: 50% da dose; T3: 25% da dose; T4: Controle (sem herbicida). O delineamento foi em blocos casualizados, com cinco repetições. As variáveis analisadas foram o controle da braquiária e o desenvolvimento do milho, conforme metodologia sugerida por Martins (2018). Resultados e Discussão: O experimento foi severamente impactado pela escassez hídrica após o plantio, resultando na morte das plantas de milho antes da fase reprodutiva. Mesmo assim, observou-se: Braquiária vigorosa: A gramínea demonstrou alta capacidade de rebrota logo após a roçagem, com novos perfilhos surgindo em apenas três dias, mesmo sob estresse hídrico; Herbicidas eficazes, mas não definitivos: A aplicação de subdoses resultou na morte de perfilhos da braquiária, mas houve rebrota basal nos tratamentos T1, T2 e T3, semelhante ao que foi observado por Menezes e Souza (2018); Interferência da palhada: A grande quantidade de material vegetal dificultou a emergência e o desenvolvimento do milho, como também já relatado por Santos et al. (2017); Clima como fator decisivo: A ausência de chuvas após a adubação de cobertura foi determinante para o insucesso da lavoura, conforme destacado por Silva et al. (2020). Mesmo com a recomendação técnica de aplicação conjunta dos herbicidas, a eficácia foi parcial. Costa et al. (2022) reforçam que o sucesso do consórcio depende da adoção de estratégias integradas, associando manejo químico e cultural. Conclusões: O sistema consorciado entre milho e braquiária é promissor, mas exige um planejamento criterioso. Os resultados indicam que: A braquiária possui comportamento competitivo agressivo, podendo comprometer o desenvolvimento do milho (PEREIRA et al., 2015); O método de plantar primeiro e roçar depois mostrou-se mais viável operacionalmente do que a roçagem prévia ao plantio (BORGHI et al., 2014); As subdoses de herbicidas apresentaram controle parcial da braquiária, sendo necessário avaliar as condições ideais de aplicação (FERNANDES et al., 2021); O clima, especialmente o déficit hídrico, influencia diretamente o sucesso do consórcio (SILVA et al., 2020). Estudos futuros devem considerar práticas complementares, como o uso de cultivares mais competitivas, escalonamento de manejo e rotação de culturas (COSTA et al., 2022). Palavras-chave: Milho; Braquiária; Consórcio de culturas; Herbicidas seletivos; Integração Lavoura-Pecuária.
Referências
ALMEIDA, M. F. et al. Eficácia e segurança ambiental da mesotriona no controle de plantas. Revista Brasileira de Ciências Agrárias, v. 15, n. 2, p. 135-141, 2020.
BORGHI, E. et al. Consórcio de milho com braquiária: produção de forragem e palhada para o plantio direto. Infoteca Embrapa, 2014.
COSTA, A. L.; PEREIRA, R. C.; SILVA, F. J. Consórcio milho-braquiária: benefícios e manejo agronômico em sistemas de produção agrícola. Ciência Rural, v. 3, p. 1-12, 2022.
EMBRAPA. Braquiária: importância e uso na pecuária brasileira. 2024. Disponível em: https://www.embrapa.br/brachiaria
FERNANDES, R. C. et al. Mesotriona e o controle sustentável de plantas na agricultura. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v. 56, n. 3, p. 103-110, 2021.
MARTINS, D. A. Título do trabalho. 2018.
MENEZES, A. F.; SOUZA, A. P. Consórcio de milho e braquiária: melhorias produtivas e econômicas. Revista da Faculdade de Agronomia, p. 123-131, 2018.
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SILVA, R. M.; OLIVEIRA, S. L.; PEREIRA, F. A. Consórcio de milho com braquiária: manejo sustentável em sistemas de produção agrícola. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 2, p. 19-32, 2020.